Gárgulas MC

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A Vista do Meu Ponto

          No ultimo domingo havia preparado um pequeno passeio de moto com minha nova namorada e alguns amigos. Um passeio domingueiro, justo para queimar um pouco de adrenalina, algumas horas com a moto sem pressa e desfrutando do bom tempo, dessas coisas sem preparos, equipamentos e complicações. Pelo menos não era para ser complicado, mas... bom, de qualquer forma para ser justo começarei apresentando os fatos de forma objetiva. Domingo onze horas da manhã, tempo bom, distancia apenas noventa quilômetros, destino uma festa organizada por bons amigos. Estrada uma BR tranqüila, asfalto bom, curvas abertas com boa visibilidade e a moto em bom estado dentro do normal.

          Minha versão: ficamos no lugar de sempre, e como sempre o pessoal chegou uma hora e meia atrasados mas por certo não havia pressa, tinha aproveitado para tomar um café com um senhor e ler o jornal até que todos chegassem, e saímos em marcha. Na saída desvio alguns sinaleiros e alguns furgões e em seguida a estrada, bonita e tranqüila, curtindo o vento e o sol na cara, logo um vento lateral faz a moto se mover um pouco mas nada que preocupe, mais adiante quando estou ultrapassando um caminhão vem outro em sentido contrário, mas a moto responde bem e tenho tempo de sobra para voltar a minha pista. A maquina anda firme e suas velhas vibrações me fazem saber que ela está bem, continuo rodando devagar quando na metade de uma curva um buraco onde caberia uma camionete me surpreende porem consigo desviar e enfim tudo bem, já estamos quase chegando. Localizamos a festa com facilidade e este foi mais um passeio agradável, o suficiente para matar a fome de estrada, apesar de não ser uma viagem de verdade. Paro a moto, tiro o capacete e agora...
          A versão dela: -você tá ficando louco, primeiro me deixa duas horas esperando, disse que seria um passeio, e corria feito louco querendo me matar, e me deixa com dores no corpo todo.

     - Mas gatinha, que isso! viemos devagar!

      – Devagar, de-va-gar... olha cara, não saio mais contigo, você passou o sinal fechado e quase pegamos aqueles caminhões e aquela estradinha cheia de curvas, o sol estava me cegando e o vendaval quase nos tira da estrada e que loucura foi aquela de ultrapassar o caminhão você estava a ponto de nos matar com aquele furgão, e as vibrações deste motor me deixou com a bunda moída, ainda bem que não estava dormindo senão estaria morta naquele buraco enorme, o que aconteceu? Você não viu? Pois se andasse mais devagar teria visto!

          Como? Será que viemos na mesma moto? Será que me enganei e estou falando com a mulher de outro? Mas... não, é a minha mesmo. Então como podem os dois terem versões tão diferentes para o mesmo fato? Suponho que talvez tenha feito alguma manobra brusca demais, talvez as vibrações do motor se percebam mais na parte traseira ou quem sabe ela não está acostumada.

          De qualquer maneira o que não posso entender é como o que para mim foi um agradável e seguro passeio, para ela foi uma autentica prova de habilidades e resistência. Assim suponho que as coisas não são de todo pretas ou completamente brancas, que nem todos os índios eram maus e os pistoleiros bons, e que ninguém está em posição de verdade absoluta. E acreditando que ela não vai ler isso “(acho que esta tia se queixa muito)”. Isso também nos faz refletir sobre como vemos e como somos vistos, quando passamos com nossas motos as vezes fazendo barulho, e com as roupas que gostamos, as vezes sujos, mas o que fazer se somos loucos por graxa e ferrugem, e que mal tem em um pouco de pó da estrada e como já dizia um amigo “ de sujeira nunca vi ninguém morrer, mas de água já morreu muita gente”, podemos até ter a lataria suja mas o motor limpo, quero dizer a roupa suja mas a cabeça e o coração limpos, e se essa mania de motos para uns não é uma boa, para nós é o Máximo, e lembro que há coisas piores. Me alegro quando vejo no dia a dia gente de todas as idades de crianças a velhos todos admirando nossas maquinas e consigo ver nos olhos deles também o mesmo desejo de liberdade que nós buscamos e parece que também consigo ler seus pensamentos, e sempre que consigo conversar com estas pessoas e mostrar quem na verdade somos, com certeza ganhamos um aliado. A vida é assim “cada um na sua, mas com alguma coisa em comum!”.

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